Lembro como se fosse hoje minha primeira aula na pré-escola. Todos correndo pelo pátio, ninguém conhecendo ninguém e aquela animação constante. Nessas horas que vejo como é bom ser criança, se enturmar fácil, brigar, discutir e no final voltar a ser amigo como se nada tivesse acontecido. Naquela tarde a professora avisou que iríamos trabalhar com algo novo. Todos estavam ansiosos, mesmo sem saber do que se tratava, mas com a certeza de que seria uma grande aventura. E foi.
A sala era repleta de prateleiras com os mais variados objetos: livros coloridos, potes com canetas e lápis e jogos de montagem. Num canto da sala havia um tapete com muitas almofadas e brinquedos. Na parede, desenhos e colagens, um varal com exposições de figuras feitas de papel. E do outro lado, perto da porta, vários cabides nos quais colocamos nossas mochilas e lancheiras. Tudo era mágico e ao mesmo tempo misterioso.
Sentamos em mesas com cinco pessoas. A professora entregou a cada um uma folha grossa, meio amarelada, e então colocou vários copos nas mesas com os mais diferentes tipos de canetas que eu já havia visto. Sim, eram canetas, mas tinham algo de novo: cabelos. Aquilo foi fantástico!
Canetas que ao invés daquela pontinha redonda que pingava tinta, possuíam mechas de cabelos pretos e castanhos dos mais variados formatos. Alguns eram grandes, largos e com muitos fios, outros eram pequenos e achatados como se alguém tivesse pisado neles. E o mais surpreendente de tudo é que as canetas não tinham nenhum líquido dentro. A professora explicou que deveríamos molhar a parte dos cabelos nos potinhos de tinta e depois passar no papel; caso quiséssemos outra cor, bastava lavar a caneta na água e começar a brincadeira novamente.
No final do dia, quando todos já estavam cansados de colorir seus papéis, minha única vontade era de voltar para casa e contar à minha mãe a grande descoberta. Os momentos com as tintas, o papel, a canetinha. O ir e vir das pinceladas. A alegria e fantasia que me dominaram naquela tarde. A certeza do início de uma longa paixão pela caneta de cabelinhos.
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on domingo, novembro 08, 2009
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Prosas
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Pura nostalgia, adorei!
boa memória, hein? rs
mas o texto ta ótimo Gabiz!
Gostei, viu só!
Você também escreve muito bem!
E olha que eu estou exercitando o meu lado crítico!
Muito bom texto!
Me fez parar e lembrar o quanto é bom ser criaça.
A cada descoberta descrita nesse texo era uma reção sentida pelo leitor.
você esta escrevendo muito bem...
bj
Bom , primeiramente .. SOU a maior fã desse texto !
Miinha GABILENE, vc escreve muuuito beem
Como Euardo falou , ele nos faz lembrar de como era bom ser criança .. Sem preocupações , descobrindo coisas novas todos os dias, tão bom quanto pintar com a caneta de cabelinhos !! ^^ hihihi !
Adooro
Bonito de se ver a pureza de uma criança. Adorei o texto, muito bem escrito.
Estou esperando mais postagens! Estou te seguindo, tenho que ser exigente! rs
Pincelei em minha mente as imagens desse tempo bom. Mas não foi com uma caneta de cabelinhos, a imaginação manifestou-se mais forte!!
Gabileeeene, sucesso com o blog!!!
:D
Filha,
Voce colocou no papel com tanta clareza uma experiencia vivida a tanto tempo que me trazem recordações muito boas.
Sua mãe coruja aqui esta muito orgulhosa.
Parabens minha princesa.
Me emocionei lembrando de você com aquela roupinha de colégio... não media nem um metro de altura...
Lindo Gabi!
Liiindo o blog, Gabi, adorei o texto, senti um cheiro de macarujá dentro da minha lancheira!
=)
Gostei Gabi,você escreve muito bem, quero te dizer que o mundo está voltado para as coisas mais simples.Aquele axé!
Rogério Lacerda
Gabi, o seu jeito de ser me inspira inocência, pureza. Eu olho para o seu rosto e vejo uma criança. É algo que eu tenho comigo, e esse texto seu acabou aumentando esse sentimento. rsrsrs Considere isso como algo bom! =)
Escreve muito bem. Leitura cronológica e linear. ;)
Sucesso!
Filha, adorei, fiquei arrepiado.
Lembrei aquele tempo, foi muito bom.
Vc sabe escrever, e muito bem.
Parabens
Papai
Continúo maravilhado com suas postagens, com meus 82 anos. Que beleza moça!Sempre que puder estarei a ler.