Mobiliário dos séculos XVIII e XIX, o Museu Regional da Cachoeira oferece a proteção, preservação e gestão dos patrimônios históricos da cidade de Cachoeira – BA e região. Sob administração do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o museu oferece espaço para exposição de obras de arte ligadas à cultura da cidade, tendo em vista a socialização e divulgação do trabalho de artesãos locais.
O museu também abriga o Programa Monumenta do Ministério da Cultura (MinC), que oferece financiamento para restauração de imóveis públicos e privados localizados em sítios urbanos tombados pelo IPHAN. Mesmo assim, até o presente, somente um edital foi aprovado e poucas obras foram concluídas. Segundo Carlos Antônio Carolino, responsável pela galeria, após finalizar as reformas da Fundação Hansen Bahia, o Monumenta concentra as obras de revitalização na orla de São Felix, sem previsão para outros imóveis.
Conhecido como Galeria do IPHAN, o museu participa atualmente do Projeto Rotas da Alforria que narra a trajetória da população afrodescendente na região de Cachoeira. A exposição está em vigor há cinco anos e constitui um projeto permanente. De acordo com Carolino, após a instalação do Rotas da Alforria nenhuma outra exposição foi autorizada pela instituição, o que impossibilita a divulgação de outros trabalhos regionais.
O artista plástico Renato Kyguera, 27 anos, foi um dos que não conseguiu expor seu trabalho. Ele afirma que existe grande dificuldade em utilizar espaços do governo. Além do IPHAN, o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC) também dispõe de uma galeria não aproveitada. Kyguera conta que chegou a enviar três ofícios com solicitações de exposição, sendo um deles entregue diretamente ao responsável do IPAC, Frederico Mendonça, mas não obteve autorização.
Cachoeirano, Kyguera descobriu aptidão com a pintura desde cedo. Aos 17 anos, iniciou a produção de quadros, ainda que sem interesse comercial. Em 2003, o artista teve oportunidade de apresentar seu trabalho no Pouso da Palavra. Por intermédio de Damário da Cruz, proprietário do local, Kyguera vendeu seu primeiro quadro e desde então têm suas obras expostas. Segundo o artista, a Galeria do IPHAN já apresentou muitos trabalhos interessantes, inclusive de artistas como Pirulito e Suzart, que também possuem trabalhos no Pouso da Palavra. Entretanto, para ele, a burocracia exigida atualmente não se limita apenas a ofícios, mas, sobretudo, contatos influentes.
Em resposta, Carolino admite que a galeria não tem previsão de quando serão aprovados novos trabalhos, uma vez que possui um projeto permanente. Todavia, além da exposição do Rotas da Alforria, peças de artesanato regionais estão sendo comercializados no local. O responsável pelo museu não deu explicações sobre a questão.
Kyguera, assim como outros artistas da região, não vê possibilidades de mudança. A burocracia exigida pelo IPHAN está além de sua compreensão. Quando perguntado sobre os artistas que conseguiram a exposição – Pirulito e Suzart – ele diz: “Eles têm contatos, fazem a propaganda deles. Eu não sei fazer isso”.
Demais informações:
Projeto Rotas da Alforria:
http://www.laced.mn.ufrj.br/arquivos/relatorio_cachoeira_1aEtapa.pdf
Projeto Monumenta:
http://www.monumenta.gov.br/
Conhecido como Galeria do IPHAN, o museu participa atualmente do Projeto Rotas da Alforria que narra a trajetória da população afrodescendente na região de Cachoeira. A exposição está em vigor há cinco anos e constitui um projeto permanente. De acordo com Carolino, após a instalação do Rotas da Alforria nenhuma outra exposição foi autorizada pela instituição, o que impossibilita a divulgação de outros trabalhos regionais.
O artista plástico Renato Kyguera, 27 anos, foi um dos que não conseguiu expor seu trabalho. Ele afirma que existe grande dificuldade em utilizar espaços do governo. Além do IPHAN, o Instituto do Patrimônio Artístico Cultural da Bahia (IPAC) também dispõe de uma galeria não aproveitada. Kyguera conta que chegou a enviar três ofícios com solicitações de exposição, sendo um deles entregue diretamente ao responsável do IPAC, Frederico Mendonça, mas não obteve autorização.
Cachoeirano, Kyguera descobriu aptidão com a pintura desde cedo. Aos 17 anos, iniciou a produção de quadros, ainda que sem interesse comercial. Em 2003, o artista teve oportunidade de apresentar seu trabalho no Pouso da Palavra. Por intermédio de Damário da Cruz, proprietário do local, Kyguera vendeu seu primeiro quadro e desde então têm suas obras expostas. Segundo o artista, a Galeria do IPHAN já apresentou muitos trabalhos interessantes, inclusive de artistas como Pirulito e Suzart, que também possuem trabalhos no Pouso da Palavra. Entretanto, para ele, a burocracia exigida atualmente não se limita apenas a ofícios, mas, sobretudo, contatos influentes.
Em resposta, Carolino admite que a galeria não tem previsão de quando serão aprovados novos trabalhos, uma vez que possui um projeto permanente. Todavia, além da exposição do Rotas da Alforria, peças de artesanato regionais estão sendo comercializados no local. O responsável pelo museu não deu explicações sobre a questão.
Kyguera, assim como outros artistas da região, não vê possibilidades de mudança. A burocracia exigida pelo IPHAN está além de sua compreensão. Quando perguntado sobre os artistas que conseguiram a exposição – Pirulito e Suzart – ele diz: “Eles têm contatos, fazem a propaganda deles. Eu não sei fazer isso”.
Demais informações:
Projeto Rotas da Alforria:
http://www.laced.mn.ufrj.br/arquivos/relatorio_cachoeira_1aEtapa.pdf
Projeto Monumenta:
http://www.monumenta.gov.br/
This entry was posted
on segunda-feira, janeiro 25, 2010
and is filed under
Jornalísticos
.
You can leave a response
and follow any responses to this entry through the
Assinar:
Postar comentários (Atom)
.
É lamentável esse grande artista não ter seu devido reconhecimento !
Muito boa a matéria Gabii !
Nota ?
9,9 !! =D
Gabi, sua matéria ficou bem escrita. Faz com que o leitor perceba a dificuldade que muitos artistas daqui de Cachoeira têm para expor seus trabalhos. Existem muitos talentos que não são aproveitados.
Meu amigo arrasou na matéria!
Parabéns Gabi, eu dou 10! rs
Beijos
A matéria está muito boa, Gabi. Nunca vi tanta burocracia por parte desta instituição. O IPHAN "embarreira" tudo. Eu não sabia que eles eram burocráticos até com a arte. É uma pena.Pior ainda quando se trata de novas construções. Tudo bem que Cachoeira é patrimônio nacional, mas daí a não poder nem reformar ou construir fora do centro da cidade (que é a parte mais cultural) é absurdo. A cidade fica empedida de crescer, tanto geografica quanto culturalmente.
Denúncia e crítica, um texto bem elaborado e preciso... eu só daria um título menos elucidativo e usaria o atual como sub-título (é o literário sempre falando alto; sabecomé, né?)
Mas está ótimo. Parabéns! ;)
Olá, é um grande prazer marcar minha presença aqui. Obrigada pelos seus textos maravilhosos, abraço. :*
Aceite. :D
ADOREI A MATÉRIA, MOSTRA COMO É CEGO O ESTADO PRO LADO DA ARTE MODERNA.
E NÓS ARTITAS ANDAMOS DE BENGALA ESPERANDO SER ATENDIDO.. ANTES TARDE DUQUE NUNCA.
OBRIGADO A RENATA REIS,PELO GRANDE ARTISTA, A LORENA E MEU MUITO OBRIGADO A GABI.VOCÊ ARRASOR NAS PALAVRAS ESCRITAS EU TIVE SORTE EM SER ENTREVITADO POR VOCÊS..